E então eu desembarquei em Munique em uma noite gelada de janeiro sem saber muito bem o que me esperava, com alguns medos, algumas expectativas mas muita vontade de que essa nova aventura fosse um sucesso.
Hoje eu vou conversar um pouco com vocês sobre esse começo e todas os ajustes que foram necessários.
É claro que ajustes ainda estão sendo feitos mas acreditem, os primeiros dias vão dar a você um choque bem significativo e mostrar de forma nem sempre suave o quanto sua vida muda no momento em que você desembarca em um novo país.
O Frio!
Para quem sai do Brasil a 35 graus e chega em Munique em pleno janeiro talvez esse seja o primeiro “Hallo” da cidade. Obviamente, eu sabia que a temperatura estaria entre 5 graus e qualquer coisa abaixo de 0 grau. Trouxe luva, casaco, bota, touca… tudo isso que a gente nunca usa no Brasil (ou quase nunca). Mas ainda assim, quando abre a porta do aeroporto e você coloca o pezinho para fora… brrrrr… é de doer!
Veja bem, eu sou uma pessoa do frio! Nunca fui do verão, não sou fã de praia e sempre aproveitei nosso parco inverno com todas as forças. Se você é do calor, se gosta de suar até debaixo da língua, bem… eu sugiro que você venha primeiro conhecer o inverno da Europa antes de cair aqui de mala e cuia.
Essa estação é fria e longa, oficialmente começa em novembro – mas para os padrões brasileiros em setembro já começa a ficar bem gelado – e se arrasta até março. Eu só passei dois invernos aqui, apenas de janeiro a março.
Como medida preventiva faça uma boa pesquisa sobre que tipo de roupas é melhor comprar se você for chegar no inverno. Não caia na armadilha de deixar para comprar aqui, você com certeza vai levar um tempo para se adaptar, conhecer a cidade e achar os melhores locais para fazer compras.
Minha sugestão é chegar com o básico: uma boa jaqueta (verifique na etiqueta se é impermeável e qual temperatura suporta), luvas também impermeáveis, meias térmicas, segunda pele e o fleece. Se vier em época de neve também sugiro comprar uma bota adequada.
A língua
Você fala alemão?
Se a resposta for “não” uma dica de ouro que posso te dar é: comece HOJE!
Caso você tenha ouvido por aí – como eu ouvi – que todo mundo que fala inglês se vira bem por terras germânicas eu já te adianto com 100% de certeza que isso não é verdade.
Quando estive de férias em Berlim, andando apenas na parte turística da cidade, falar inglês resolveu todos os meus problemas.
Mas quando eu estive na mesma Berlim, tempos depois, e precisei comprar um remédio na farmácia, o inglês não me serviu de nada.
Graças a Deus, meu marido já falava um pouco de alemão e o que faltou completamos com mímicas, mas se eu estivesse sozinha teria saído de lá sem remédio nenhum.
Aqui em Munique, não é tão comum encontrar quem fale inglês... e das pessoas que falam inglês, uma porcentagem menor fala um "bom inglês".
Em cidades menores essa dificuldade aumenta, especialmente para resolver assuntos do dia-a-dia como médico e supermercado, então volte e leia minha dica sobre aprender Alemão.
O cliente não tem razão
Esse é um tópico que pode causar alguma controvérsia já que já ouvi opiniões contrárias e algumas pessoas já me disseram que é uma questão de como se encara esse fato.
Aqui estou relatando as minhas primeiras impressões e o que eu estranhei bastante.
Para que vocês entendam bem vou contar dois “causos”.
O primeiro aconteceu no supermercado, na primeira vez que eu resolvi fazer compras sozinha. Primeiro é importante dizer que passar as comprar no caixa do supermercado é como estar em uma gincana.
Você mesmo empacota as compras que são literalmente jogadas em um ritmo frenético e além disso precisa estar com o dinheiro ou o cartão na mãos assim que o último item foi registrado, pagamento feito se vire para sair de lá o mais rápido possível.
Nesse clima de olimpíadas estava eu saindo com as compras quando ouço um grito “Hallooooo“.
Mas pense nisso dito aos gritos dentro do supermercado! Eu não sabia que era comigo mas eu me virei para ver mesmo assim e lá estava a moça com a caixa de ovos quase esfregando no meu nariz.
Eu havia esquecido os ovos! Sim… claro que ela teve uma boa intenção, mas eu morri de vergonha.
A segunda situação ocorreu em um dos famosos Biergartens.
Nesse ponto eu já sabia ao menos pedir uma bebida no balcão na língua local.
O problema dessa vez é que no momento em que a atendente olhou pra mim eu considerei mudar meu pedido de um vinho branco para um aperol spritz e levei talvez 3 segundos pensando.
Foi o suficiente para a moça levar as mãos ao céu em sinal de impaciência e atender o cliente de trás. Ou seja, já chegue lá sabendo o que você quer, fale rápido e de novo saia o mais rápido possível.
Claro que por trás desse comportamento existe uma razão que envolve rapidez e eficiência mas para quem chega do Brasil onde no bar o garçom atende você na mesa e espera o quanto for preciso para que você peça com calma… essa situação me pareceu bem desagradável, mas enfim, eu que lute não é mesmo?!
Danielle Gomes, profissional de logística internacional há 22 anos, mãe, esposa e futura empresária que se aventurou a morar e trabalhar na Alemanha desde 2020.
Fala sobre as dores e delícias da vida e carreira na Alemanha no seu Instagram @alemanhaporquesim .
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